terça-feira, maio 16, 2006

Reunião sobre clima começa com ameaça canadense

Brenno Sarques
A cidade de Bonn, na Alemanha, sedia nos dias 15 e 16 de maio, um encontro para o diálogo de cooperação a longo termo para traçar as diretrizes de ação sobre as mudanças climáticas. Entre 17 e 25 de maio, a cidade hospeda a primeira sessão do Grupo de Trabalho para os compromissos do Anexo I do Protocolo de Quioto e a 24ª sessão de seus membros, entre 18 e 26 de maio. Os encontros também integram a reunião sobre diversificação econômica, e workshops de sobre carbono, irrigação, agricultura, desenvolvimento rural e florestas.

Quebra-pau

No primeiro dia de reuniões, 15 de maio, o governo alemão, num inesperado golpe diplomático, culpou o Canadá pelo derrotismo nas negociações sobre o meio-ambiente. Os alemães questionaram a posição canadense de chamar de “utópico” o Protocolo de Quioto.
Logo após as acusações, ambientalistas de várias organizações se reuniram e pediram que o Canadá se retire da presidência das negociações sobre tal tratado internacional. Os ambientalistas elevaram o tom da voz depois que a ministra canadense do Meio-Ambiente, Rona Ambrose, alegou que Ottawa não atingirá as pretensões do Protocolo de Quioto, do qual é signatário. Para a ministra, as pretensões do tratado são inatingíveis e idealistas.
Ecologistas internacionais reunidos sob a égide da Rede Ação Clima Mundial pediram que Ottawa ceda o seu lugar à um dos sete países vice-presidentes. "Se o Canadá realmente não respeita os seus compromissos assinados no protocolo de Kioto, então que se, retire da presidência", Pedia a carta diária das ONG’s.
Conciliador, o ministro do Meio-Ambiente alemão, Sigmar Gabriel, não acredita que o Canadá desistirá de buscar os objetivos de Quioto. Gabriel lembra que ainda restam seis anos para se colocar em prática as medidas da primeira fase do protocolo. De toda forma, os organismos ambientais lembraram que os signatários do Protocolo de Quioto saíram do encontro de Montreal, em dezembro de 2005, com o claro objetivo de reforçar o tratado e elaborar um roteiro para combater coletivamente a ameaça climática.
Os ambientalistas lamentam que os reacionários tenham virados as costas para o tratado e abandonaram o plano de redução de emissão de gás proposto no encontro de Montreal. Os conservadores também derrubaram os programas de combate às mudanças climáticas. Tal medida vai possibilitar o aumento das emissões de gás no Canadá e no resto do mundo. Tais ações lembram àquelas defendidas, há alguns anos, pelo presidente George Bush, maior exemplo de combate ao protocolo.

Perda de credibilidade

Mas a batalha atinge outros atores. A imprensa canadense divulgou um relatório do ministro das Relações Internacionais, Peter MacKay, onde afirma que as conseqüências da retirada do país norte-americano do protocolo causaria sérios danos à sua credibilidade e influência nas negociações sobre mudanças climáticas. Ao desistir do protocolo, o Canadá terá dificuldades em negociar novos acordos com países industrializados, além de não poder reclamar que países como a China e a Rússia se engajem na proteção do clima, uma vez que os países em desenvolvimento argumentam que as nações desenvolvidas sejam as primeiras a implementar medidas re redução da poluição e aquecimento da camada de ozônio. O tratado de Quioto atingiu uma enorme aceitação internacional e é conhecido por grande parte da população mundial.
O documento submetido ao ministro MacKay mostra também que algumas empresas se opõem à retirada do protocolo, este que as permite participar do sistema internacional de comércio dos níveis de emissão de dióxido de carbono, no qual cada país possui uma quantidade limite de emissão de gases poluentes. Este mercado possibilita que países que excedem suas taxas possam “comprar” parcelas dos créditos de poluição das nações menos desenvolvidas. De acordo com o Banco Mundial, este mercado mundial de créditos de emissão de dióxido de carbono movimentou, apenas em 2005, cerca de 11 bilhões de dólares.
De toda forma, o governo Harper ainda não sinalizou que vai revogar a sua assinatura. Ele indicou ainda que o Protocolo de Quioto não foi feito por apenas um país que, assim como o Canadá, depende bastante da exploração de seus recursos naturais. Mesmo assim, a ameaça da retirada de um país como o Canadá pode colocar em risco todo um processo que se estende há mais de dez anos, mesmo antes da rodada que criou o Protocolo de Quioto. A saída dos canadenses pode estimular a debandada de outros países que perdem dinheiro com a redução de poluentes, redução esta que emperra o crescimento industrial de seus territórios. Essa parece ser uma estratégia para, no mínimo, retardar os esforços de redução de dióxido de carbono, encabeçada indiretamente pelos Estados Unidos.
Fontes: La Presse e UN Framework Convention on Climate Change (UNFCCC)

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Camarãoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

8:36 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Esse assunto rendeu por aqui!

A desculpa do governo Canadense eh de que haveria muito pouco tempo para implantar todas as mudancas necessarias para se adequar ao novo sistema.

Muito bom o seu artigo!
Parabens!
Equipe do www.achei.ca

12:41 PM

 

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